Acne em adultos: como alimentação, hormônios e estilo de vida influenciam a saúde da pele

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Especialista explica os principais fatores que agravam o problema, do excesso de carboidratos simples ao estresse e desequilíbrio intestinal, e aponta estratégias para reduzir inflamações silenciosas que aparecem em forma de espinhas.

A acne, condição que afeta tanto adolescentes quanto adultos, vai muito além da genética e dos hormônios. Segundo a nutricionista Camylla Pedrosa, especialista em saúde e emagrecimento feminino, o problema é resultado de uma combinação de fatores que envolvem alimentação, equilíbrio intestinal, qualidade do sono e até mesmo o estado emocional. “A pele é um reflexo do que acontece dentro do corpo. Se há inflamação silenciosa, ela aparece em forma de espinhas”, explica.

Entre as principais causas, estão as alterações hormonais, especialmente pela ação dos androgênios, que estimulam a produção de sebo e favorecem a obstrução dos poros. A alimentação desbalanceada também desempenha papel central: dietas ricas em carboidratos simples, como pães, massas e doces, aumentam os níveis de insulina e IGF-1, agravando os processos inflamatórios da pele.

Além disso, o consumo excessivo e não monitorado de proteína, leite e seus derivados (como whey protein), alguns suplementos (como B12, ferro e iodo) podem induzir ou intensificar o quadro. Já alimentos ricos em histamina, como amendoim, morango, chocolate e carne de porco, estão associados a espinhas localizadas principalmente nas costas, especialmente em pessoas com intolerância à substância.

O intestino é outro elo fundamental na formação da acne. Quando a barreira intestinal está comprometida, ocorre um processo conhecido como permeabilidade intestinal, em que pequenas inflamações locais se transformam em inflamações sistêmicas de baixo grau, impactando todo o corpo.

O desequilíbrio da microbiota, a chamada disbiose, reduz a produção de ácidos graxos de cadeia curta, como o propionato, que têm papel protetor na pele. “Muitas vezes o paciente convive com gases, inchaço ou cansaço sem perceber que esses sintomas sinalizam inflamação contínua, que acaba atingindo a pele”, alerta a especialista.

Outro fator de peso é o emocional: estresse, ansiedade e noites mal dormidas ativam o cortisol e outras substâncias inflamatórias, piorando lesões já existentes. “Não raro, a paciente relata que a pele estava controlada, mas piorou após uma fase difícil no trabalho ou em casa. Esse elo entre intestino, cérebro e pele é determinante”, diz Camylla.

ESTRATÉGIA ALIMENTAR
Se por um lado alguns alimentos agravam o problema, outros são grandes aliados. Opções ricas em fibras, chá verde, cúrcuma, sementes de abóbora, frutas roxas, oleaginosas e peixes, consequentemente diminuindo o consumo de carnes vermelhas, ajudam a modular a inflamação e contribuem para a saúde intestinal. Probióticos e prebióticos também têm efeito positivo, embora funcionem como complemento e não como solução isolada.

Além disso, nutrientes como zinco, vitamina E, vitamina C e betacaroteno exercem funções antioxidantes e reguladoras na pele, auxiliando no controle da oleosidade e na cicatrização. “O padrão alimentar mais estudado e indicado no combate à acne é a dieta mediterrânea, por ser baseada em frutas, vegetais, azeite extravirgem, grãos integrais, oleaginosas, leguminosas e peixes”, acrescenta a nutricionista.
DIETA E PELE: IMPACTOS DIRETOS

● Alimentos de alta carga glicêmica: Aumentam insulina e IGF-1, piorando vermelhidão, descamação, coceira e acne;

● Leite e derivados em excesso: Estimulam IGF-1 e inflamam. Atenção: O iogurte natural, apesar de ser um derivado do leite, devido ao processo de fermentação, tem um perfil anti-inflamatório e é excelente para a saúde intestinal, ou seja, um grande aliado na melhora da acne;

● Histamina: Alimentos como amendoim, morango, chocolate e carne de porco podem piorar sua acne, principalmente se o problema se concentra nas costas. É necessário investigação individualizada;

● Whey protein: Como derivado do leite, pode induzir acne. Melhor optar por proteína vegetal ou colágeno;

● Dieta ocidental – Rica em açúcares, ultraprocessados e gorduras saturadas, aumenta inflamação, resistência à insulina e células Th17 — que produzem IL-17, altamente inflamatória para a pele.

Quem é Camylla Pedrosa
A nutricionista Camylla Pedrosa é pós-graduada em obesidade e síndrome metabólica, além de nutrição clínica e esportiva. Antes de escolher a nutrição como projeto de vida, exerceu a Odontologia e também foi empresária, dona de uma confeitaria em Gramado (RS) – quando enfrentou a obesidade e decidiu fazer uma transição de carreira. Camylla é criadora do “Método Saúde de Emagrecimento Livre”, programa especializado no cuidado, emagrecimento e saúde integral de mulheres ansiosas.